“Marginal” e Herói: Clóvis Hugueney Irigaray, arte, política e indigenismo com o Xavante - A´uwe, no Projeto Espacial Gemini 8, em 1975
DOI:
https://doi.org/10.24979/makunaima.v7i2.1447Palavras-chave:
Artes Visuais, Nação Xavante - A’uwe, Mato Grosso, IrigarayResumo
Em 1975, o artista plástico mato-grossense Clóvis Hugueney Irigaray apresentou 18 imagens originalmente denominadas “Detalhes do Xingu”, denotando em uma nova perspectiva, determinados indígenas da Amazônia Legal, inseridos e ocupando o topo da hierarquia intelectual-científica, justamente no contexto da ditadura empresarial-militar no Brasil. Dentre elas, figura a criação plástica com a icônica obra intitulada “Xinguana I”, com os astronautas Neil A. Armstrong e José Xavante, da nação Xavante, que se autodenomina A´uwe (gente) como heróis e integrantes do Programa Espacial Gemini 8 da NASA. De acordo com dados encontrados em fontes bibliográficas, iconográficas e documentais, busca-se a explicação histórica desse desenho, frente à política oficial repressiva, de integração rápida e forçada de sociedades indígenas à civilização, fato que estava marginalizando, desumanizando e dizimaria essa nação, em um período relativamente curto. Como resultado, se infere que a redação artística de Irigaray restaura e dá visibilidade à humanidade dos povos tradicionais e outorga a vocação de ser mais, ao colocá-los como sujeitos históricos, culturais, políticos, protagonistas e com identidade multicultural desfrutando justamente dos privilégios restritos à classe dominante, contrapondo-se à narrativa oficial que marginalizava e negava direitos fundamentais aos ameríndios.
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