É POSSÍVEL ENSINAR FILOSOFIA? OS DESAFIOS E AS CONQUISTAS NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA
DOI:
https://doi.org/10.24979/110Resumo
O presente artigo tem como objetivo mostrar que os professores de filosofia vivem atualmente, no Brasil, uma situação bastante desafiadora. Após décadas de debates, de manifestações, congressos acadêmicos e de lutas parlamentares, hoje a legislação define a filosofia, bem como a sociologia como disciplinas obrigatórias nos currículos do ensino médio. Não foi fácil chegar a essa situação: após a retirada da disciplina dos currículos com a reforma tecnicista de 1971, os departamentos de filosofia das universidades brasileiras empreenderam um movimento de crítica de sua retirada e de defesa de seu retorno. Este movimento teve um êxito parcial quando, em meados dos anos 1980, foi aprovada a inclusão da disciplina como opcional, na parte diversificada do currículo. Os ecos desse movimento fizeram-se presentes nos debates para a construção da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), após a promulgação da Constituição de 1988, e o projeto aprovado na Câmara previa Filosofia e Sociologia como disciplinas obrigatórias. O resultado de todo esse processo e essa história é que entre nós se desenvolveu muito pouco o campo de estudos e pesquisas em torno de uma didática da Filosofia. A diferença de países como França, Itália, Portugal, Uruguai e Argentina, por exemplo, no Brasil temos pouquíssimas pesquisas, produção quase nula e nenhuma tradição neste campo. A formação do professor de Filosofia, quando se dá, acontece por esforço e mérito de professores universitários de disciplinas como metodologia do ensino de Filosofia e ou Prática de Ensino em Filosofia e ou estágio supervisionado, isolados nas instituições em que atuam. O problema é que o ensino da Filosofia na educação média tem suas especificidades e não pode ser simplesmente a transposição do ensino universitário simplificado ou diminuído.
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